O clima está louco dizem uns, é o aquecimento global arriscam outros, as chuvas chegaram mais cedo afirmam ainda uns terceiros. O fato é que esse ano as flores começaram a desabrochar em agosto, colorindo dois dos ecossitemas do mundo que têm maior quantidade delas: o semi-árido Karoo Suculento e os Fynbos. O primeiro é um de apenas dois dos 34 hotspots do planeta que são ecossistemas inteiramente áridos e o último, além de ser também um hotspot, é o menor e mais diverso dos seis reinos florais do Planeta.
Graças à previdência dos governos federal, provinciais e de muitos municípios da África do Sul há entre essas duas regiões contíguas mais unidades de conservação do que seria possível visitar em uma só primavera. Ainda assim fiz um maratona em busca das flores e demais belezas que esses parques e reservas descortinam aos visitantes. As próximos postagens do Palmilhando privilegiarão o espetáculo primaveril nas províncias sul-africanas do Cabo Ocidental e do Cabo Setentrional, começando pelo parque desértico de Tankwa Karoo. Começo auspioso aliás. Ao cruzar a divisa provincial os carros de Northern Cape, à nossa frente na estrada, recepcionam a nós e demais visitantes com uma placa bem ecológica, em que figuram um antílope e as montanhas de Tankwa Karoo.
O Parque Nacional de Tankwa Karoo se insere em uma das regiões mais áridas do país. Foi declarado em 1986 com uma superfície inicial de 27 mil hectares. A partir de 1996, entretanto, o Governo começou a adquirir terras privadas adcentes à área protegida e o Parque hoje já cobre 131.00 hectares. Tão logo foi inaugurado iniciou-se um ambicioso projeto de reintrodução de espécies com a eliminação dos poucos pastos comerciais que existiam na área, a recuperação da flora e a reintrodução de espécies de fauna tais como a zebra e três variedades de antílopes, o springbok, o hartebeest vermelho e o gemsbok. Os resultados não demoraram a aparecer: já se percebe que leopardos voltaram a buscar presas na área do Parque.
Quem visita Tankwa Karoo tem tratamento cinco estrelas (na verdade infinitas estrelas, já que ali está um dos céus mais limpos do planeta, o que atrai à região os mais renomados astrônomos). Os 12 chalés mantidos pelo Serviço de Parques sul-africano, estão localizados em mirantes escondidos e dotados de privacidade individual, são belamente decorados e têm acesso a vistas deslumbrantes, fazendo valer o esforço da longa viagem entre a Cidade do Cabo e o Parque. Tudo ali é pensado para proporcionar uma experiência digna de quem ama a natureza: os móveis são de madeira reciclada, a água é reutilizada, a energia é solar. Mas como não existe perfeição, no fim de semana que visitei Tankwa Karoo, tive a companhia da polícia. É que na véspera vários painéis de energia solar haviam sido furtados do Parque. Pois é, nem tudo são flores!
Leia também
Número de portos no Tapajós dobrou em 10 anos sob suspeitas de irregularidades no licenciamento
Estudo realizado pela organização Terra de Direitos revela que, dos 27 portos em operação no Tapajós, apenas cinco possuem a documentação completa do processo de licenciamento ambiental. →
Protocolo estabelece compromissos para criação de gado no Cerrado
Iniciativa já conta com adesão dos três maiores frigoríficos no Brasil, além de gigantes do varejo como Grupo Pão de Açúcar, Carrefour Brasil e McDonalds →
Com quase 50 dias de atraso, Comissão de Meio Ambiente da Câmara volta a funcionar
Colegiado será presidido pelo deputado Rafael Prudente (MDB-DF), escolhido após longa indefinição do MDB; Comissão de Desenvolvimento Urbano também elege presidente →