Última sexta (26) estive na Embaixada Francesa, em Brasília, para conferir a exibição de três pequenos documentários sobre espeleologia, a exploração de cavernas. Os dois primeiros trataram de expedições à Serra do Caraça, em Minas Gerais, e à Serra do Ramalho, no sul da Bahia. O último apresentou treinamentos e técnicas para o duríssimo resgate de pessoas feridas em cavidades subterrâneas. Muito bem editados, mostram impressionantes e pouco conhecidas paisagens dos interiores do país. Havia mais franceses que brasileiros na apresentação, reflexo do pouco gosto que os nativos daqui devotam à atividade. Na França há uns 7.500 espeleólogos registrados e ativos. Por aqui mal chegam a 300. Lá eles exploraram e mapearam toda e qualquer caverna e reconhecem seu valor ambiental e turístico; aqui pouco exploramos, pouco estudamos e ainda tentamos “flexibilizar” a lei para mais facilmente pô-las abaixo. O desprezo nacional por essas formações volta e meia ganha força com textos de repórteres que vêem o Brasil com olhos urbanos ou têm fobia a esforço físico, mato e morcegos. Com turismo forte, a França conta com grupos organizados e muitos voluntários para resgates em cavernas. Os incidentes não chegam a 50 por ano, mas quando um ocorre um salvamento correto é fundamental para se salvar uma vida. No Brasil não há estatísticas sobre visitação ou acidentes nesses locais. Lá fora também foi fundada a Spelunca, a mais antiga revista espeleológica do mundo. Ela é publicada pela Federação Francesa de Espeleologia, outro fruto do trabalho do Edouard Alfred Martel (1859-1938), visto por muitos como o pai da espeleologia.
Leia também
Livro destaca iniciativas socioambientais na Mata Atlântica de São Paulo
A publicação traz resultados do Projeto Conexão Mata Atlântica em São Paulo, voltados para compatibilização de práticas agropecuárias com a conservação da natureza →
Barcarena (PA) é o primeiro município a trabalhar a cultura oceânica em 100% da rede pública de ensino
Programa Escola Azul incentiva instituições de ensino de todo o país a integrar a rede e implementar cultura oceânica nas escolas. Mais de 290 escolas de todo o Brasil participam do projeto →
Um macaco sem floresta na capital do Amazonas
Símbolo de Manaus, o sauim-de-coleira corre risco de desaparecer da cidade amazônica, ameaçado pelo avanço da urbanização desordenada →