Ao longo do Cabo Ocidental da África do Sul, os nectariniideos mantêm uma estreita relação com as babianas. Elas oferecem uma haste, onde eles repousam durante a alimentação. Em troca, polinizam as flores e garantem o cruzamento e, consequentemente, a reprodução das plantas.
“O que faz as babianas especiais é que algumas espécies evoluíram com poleiros especializados para um determinado pássaro. Então, o que nós fizemos foi investigar estas funções”, afirma Spencer Barret, professor do Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade de Toronto e um dos autores do texto.
A Babiana ringens, por exemplo, é polinizada exclusivamente pelo pássaro Nectarinia johnstoni, e apresenta haste própria para atraí-lo. Elas são as primeiras a serem visitadas pelo pássaro, que só depois de se alimentar do néctar da B. ringens buscam outras plantas. Já a B. avicularis possui flores menores e aparentemente desenvolveu uma adaptação especializada para a Nectarinia chalybe, único a visitá-la. Este é o menor beija-flor africano e também o menor polinizador de plantas conhecido.
Já a B. carminea não possui esta haste onde os pássaros repousam. Para se alimentar delas, eles precisam ir até ao solo e procurá-las entre as flores que encontram. Segundo os autores do artigo, flores no solo são menos polinizadas, porque deixam os pássaros mais vulneráveis a predadores. “Descobrir duas estratégias de alimentação diferentes entre espécies relacionadas é notável”, afirma Barret.
Os pesquisadores fizeram também experiências para descobrir o que aconteceria se as plantas não fossem visitadas por nenhum pássaro e observaram que elas são capazes de se auto-polinizarem, apesar de que, dessa forma, obtêm menor sucesso reprodutivo. Mesmo assim, observaram que uma espécie de babinana, a B. hirsuta, era capaz de um grau destacado de autopolinização.
A alternativa da autopolinização está relacionada também com a diferença do tamanho da haste de exemplares de B. ringens encontradas em regiões diferentes. Na região leste da área estudada, onde os poleiros eram menores, a planta era menos polinizada pelos pássaros. Concluíram que a autopolinização é uma alternativa evolutiva para superar situações em que há pouca oferta de pássaros polinizadores.
Leia também
Acnur anuncia fundo para refugiados climáticos
Agência da ONU destinará recursos do Fundo para proteger grupos de refugiados do clima. Objetivo é arrecadar US$ 100 milhões de dólares até o final de 2025 →
Deputados mineiros voltam atrás e maioria mantém veto de Zema à expansão de Fechos
Por 40 votos a 21, parlamentares mantém veto do governador, que defende interesses da mineração contra expansão da Estação Ecológica de Fechos, na região metropolitana de BH →
Do Brasil à Colômbia, conservação ambiental através da literatura
Feira do livro de Bogotá traz os biomas brasileiros em destaque, com uma curadoria literária voltada para o meio ambiente →