Notícias

Veado-bororó-do-sul, um pequeno mistério

Difícil de encontrar, pouco se sabe sobre a espécie. Mas, como um dos cervos mais ameaçados de extinção no Brasil, há a certeza de que está arriscado a desaparecer.

Redação ((o))eco ·
20 de junho de 2014 · 10 anos atrás

Veado-bororó-do-sul ([i]Mazana nana[/i]) fotografado no Paraná. Foto:
Veado-bororó-do-sul ([i]Mazana nana[/i]) fotografado no Paraná. Foto:

O veado-bororó-do-sul (Mazama nana) é o menor dos Mazama, um gênero de cervídeos exclusivos do continente americano. A espécie, também conhecida pelos nomes veado-anão, veado-poca, veado-cambuta, veado-bororó, veado-mão-curta ou cambucica é encontrada nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, do norte do Estado do Paraná ao centro do Rio Grande do Sul, até o sudeste de São Paulo.

Ele habita principalmente áreas com densa vegetação e altas altitudes, como serras do interior da Mata Atlântica no interior de Santa Catarina e Paraná. A espécie gosta muito de água e evita regiões secas. Está presente, principalmente, nas florestas de araucária e formações adjacentes como a floresta ombrófila densa e o Cerrado, que cobrem a sua área de ocorrência.

O veado-bororó-do-sul possui entre 45 a 50 cm de altura e de 60 a 100 cm de comprimento. Costuma pesar menos de 15 kg. Sua cabeça é curta, as orelhas são pequenas e arredondadas, com pelos uniformes em marrom-avermelhado por todo o corpo. Os chifres são simples, voltados para trás. As pernas são proporcionalmente curtas, daí um de seus nomes populares: veado-mão-curta.

Têm hábitos noturnos e crepusculares, são solitários, territorialistas e sedentários, ocupando pequenas áreas de vida podendo também ocorrer aos pares. Como as demais espécies do gênero, alimenta-se de frutos, folhas, brotos e gramíneas. Os aspectos reprodutivos mais conhecidos são a presença de cio pós-parto – cio ou ciclo de intensa ovulação é o estado de receptividade sexual extrema por que passam as fêmeas de muitos mamíferos – e à produção de apenas um filhote por ano, após uma gestação de cerca de sete meses.

Os Mazama nana são pouco estudados no seu habitat pela densidade das matas onde vivem e pelo comportamento altamente evasivo. É o cervídeo brasileiro menos conhecido pela ciência, e o que se sabe sobre esta espécie em geral se resume a dados como a distribuição geográfica, a taxonomia e informações genéticas.

A espécie é ameaçada pela fragmentação dos habitats disponíveis da região Sul do Brasil, que isola e enfraquece as populações existentes; a competição com o veado-catingueiro, uma espécie mais adaptada a ambientes modificados pelo homem; a caça ilegal de veados praticada em todo o país, seja de subsistência ou esportiva, e os cães domésticos, que ao invadirem as suas áreas naturais trazem doenças e atacam o veado-bororó-do-sul.

Embora ainda não haja um plano de conservação da espécie, há populações protegidas por ocorrerem dentro de Unidades de Conservação do sul do Brasil, como o Parque Nacional do Iguaçu, o Parque Estadual das Lauráceas, na Área de Proteção Ambiental de Guaratuba, no Paraná; no Parque das Nascentes, próximo a Blumenau, em Santa Catarina; na Floresta Nacional de São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul.

Para a IUCN, devido a falta de dados, a classificação do M. nana entra na categoria “Dados Insuficientes“. O ICMBio lista a espécie como “Vulnerável“, em razão da redução das populações e das ameaças já descritas. A Mazama nana foi classificada como “Criticamente em Perigo” no Rio Grande do Sul e em São Paulo e “Vulnerável” no Paraná e Santa Catarina.

 

 

Leia também
Jaó-do-litoral: desconfiado, e com razão
Cachalote: a baleia que tem veia literária

 

 

 

Leia também

Salada Verde
29 de abril de 2024

Funbio abre edital de 2 milhões de reais para projetos de Manejo Integrado do Fogo

Edital irá apoiar projetos de apoio a ações de manejo integrado do fogo no interior e entorno de unidades de conservação na Caatinga, Pampa e Pantanal

Notícias
29 de abril de 2024

Tribunal de Justiça de MT derruba Parque Estadual Cristalino II (mais uma vez)

Decisão determina nulidade do decreto de criação do parque, uma das mais importantes UCs da Amazônia matogrossense, e abre precedente perigoso para áreas protegidas no estado

Reportagens
26 de abril de 2024

Número de portos no Tapajós dobrou em 10 anos sob suspeitas de irregularidades no licenciamento

Estudo realizado pela organização Terra de Direitos revela que, dos 27 portos em operação no Tapajós, apenas cinco possuem a documentação completa do processo de licenciamento ambiental.

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.