Notícias

Macaco-prego-do-peito-amarelo, raridade da Caatinga

O Sapajus xanthosternos se destaca: Com topete pro alto e peito amarelado pra fora parece não se intimidar, mas basta com o assédio do sexo oposto para ficar corado.

Redação ((o))eco ·
26 de abril de 2013 · 11 anos atrás

A um oceano de distância de sua casa, uma dupla de Sapajus xanthosternos passeia pelo Zoológico de Lisboa, Portugal. Foto: Tiago Falótico/Flickr
A um oceano de distância de sua casa, uma dupla de Sapajus xanthosternos passeia pelo Zoológico de Lisboa, Portugal. Foto: Tiago Falótico/Flickr

O homenageado desta semana em ((o))eco vem de uma extensa família de primatas, chamados Cebídeos, típica da América do Sul. Esta família de macacos, popularmente chamada de macacos-prego, se divide em dois gêneros: o Cebus, que possuem forma “grácil” e habitam o bioma Amazônico e o Sapajus, que são mais “robustos” e habitam as áreas de Floresta Atlântica, Cerrado e Caatinga. Como este domingo, 28 de abril, é o Dia da Caatinga, apresentamos uma espécie representante do gênero que vive neste bioma: o macaco-prego-do-peito-amarelo (Sapajus xanthosternos), espécie que se encontra “criticamente em perigo” de extinção.

Como todo bom macaco-prego, o S. xanthosternos (que também atende por macaco-prego, coité, piticau, macaco-preto, macaco-mirim, macaco-verdadeiro ou, simplesmente, macaco) porta o peculiar “topete” que garante ao gênero o apelido, bem como o corpo atarracado e a mandíbula robusta. No entanto, diferencia-se dos demais por apresentar coloração amarelada no peito e na parte anterior do braço e da cabeça.

Embora pouco se saiba sobre a ecologia e o comportamento do Sapajus xanthosternos na natureza, há comportamentos que podem ser inferidos do seu gênero (Sapajus) como, por exemplo, o uso de ferramentas: foi observado recentemente a utilização de pedras na quebra de cocos e outros alimentos mais duros nas espécies que habitam em ambientes mais savânicos e secos.

Outro comportamento curioso é o seu repertório de cortejo sexual. Na época de reprodução vale tudo: troca de olhares entre macho e fêmea, múltiplas montas, monta por parte da fêmea no macho e exibições pós-copulatórias. A surpresa aqui é que são as fêmeas que tomam a iniciativa na época do cio, partindo em busca do macho alfa que, a princípio, é relutante às investidas delas. Quando bem-sucedidas, têm uma única cria, cujo período de gestação é de cerca de seis meses e ao nascer pesam cerca de 260 gramas.

Os macaco-pregos Sapajus adultos pesam entre 1,1 kg e 3,3 kg, e possuem uma anatomia adaptada à durofagia, isto é, ao consumo de alimentos duros, como coquinhos e nozes. Esta capacidade lhes confere maior adaptabilidade às variações na disponibilidade e qualidade dos alimentos que compõe sua dieta: na maior parte de frutas que, quando escassas, são substituídas sem problemas por sementes, flores, e se em ambientes mais antropizados, plantações. Por serem ecléticos na escolha de alimentos, podem viver em ambientes mais hostis a outros cebídeos, como o Cerrado e a Caatinga.

De acordo com a IUCN e o ICMBio, o S. xanthoternos está “criticamente em perigo”, hoje limitado à pequenas áreas protegidas de unidades de conservação em Minas Gerais e Bahia. No bioma Caatinga, a espécie está restrita a serras e morros, onde há formações florestais ou matas mais úmidas de vales e encostas. A provável causa desta baixa densidade populacional é a caça, tanto para a alimentação quanto para a manutenção de animais de estimação, mas não pode ser descartada a perda de habitat.

 

 

Leia Também
O que é o lobo-guará?
Nos jardins, nas matas e, em breve, apenas na memória
Pica-pau-dourado-escuro: o primo brasileiro

 

 

 

Leia também

Notícias
28 de março de 2024

Estados inseridos no bioma Cerrado estudam unificação de dados sobre desmatamento

Ação é uma das previstas na força-tarefa criada pelo Governo Federal para conter destruição crescente do bioma

Salada Verde
28 de março de 2024

Uma bolada para a conservação no Paraná

Os estimados R$ 1,5 bilhão poderiam ser aplicados em unidades de conservação da natureza ou corredores ecológicos

Salada Verde
28 de março de 2024

Parque no RJ novamente puxa recorde de turismo em UCs federais

Essas áreas protegidas receberam no ano passado 23,7 milhões de visitantes, sendo metade disso nos parques nacionais

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.