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ONU-Habitat aponta cidades sob risco

Dia Mundial do Habitat: órgão da ONU participa de evento no Brasil e alerta sobre os efeitos desastrosos que o aquecimento global terá sobre vida urbana.

Daniele Bragança ·
5 de outubro de 2011 · 13 anos atrás
Se o mar subir, em 2100, uma população de 130 milhões de pessoas poderá sentir consequências semelhantes ao do furacão Katrina que atingiu Nova Orleans, em 2005. Foto: Steve Chaaf
Se o mar subir, em 2100, uma população de 130 milhões de pessoas poderá sentir consequências semelhantes ao do furacão Katrina que atingiu Nova Orleans, em 2005. Foto: Steve Chaaf
“O número de refugiados por causa das mudanças climáticas poderá ser de 200 milhões de pessoas em 2050, alerta o diretor da ONU-Habitat na América Latina e Caribe”, Alain Grimard, em evento na PUC-Rio, segunda-feira, 3 de outubro. O encontro marcou a assinatura de um convênio entre a ONU-Habitat e a PUC-Rio, o primeiro com uma universidade brasileira, além da comemoração do Dia Mundial do Habitat, que é celebrado todos os anos na primeira segunda-feira de outubro.

O tema da data para 2011 é “Mudança Climática e Cidades”. Ele levanta a questão de como os grandes centros urbanos deverão se adaptar para suportar e tentar mitigar localmente o aquecimento que os modelos de clima preveem. O cenário é desafiador: estima-se que ultrapassaremos a barreira dos 7 bilhões de humanos no planeta até o final deste outubro, disse Grimard. Segundo os dados da ONU-Habitat, mais da metade já são urbanos. Entre 1950 e 2011, essa população quintuplicou de cerca de 700 milhões de pessoas para 3,5 bilhões.

Anfitrião do encontro, o reitor da PUC-Rio, padre Josafá Siqueira, disse que a universidade contribuirá nessa empreitada. A PUC-Rio quer se tornar uma universidade sustentável. Exemplos de medidas que, somadas, podem reduzir a sua pegada ecológica são a coleta seletiva e o aumento da reciclagem no campus, impressão de documentos em frente e verso com fontes que economizam tinta e a construção de um bicicletário para os alunos e funcionários. A universidade, através do NIMA-PUC (Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente) foi consultora do governo do estado para a formulação do Código Ambiental do Rio de Janeiro. Também faz pesquisas com estruturas de construção feitas de bambu e mapeamento de áreas da cidade que podem ser alagadas, caso, como se prevê, o nível dos oceanos suba até 1,5 metros até 2100.

Alain Grimard confirmou a preocupação: “Hoje, há 60 milhões de pessoas que vivem a apenas um metro do nível do mar. Até o final do século esse número saltará para 130 milhões de pessoas. As principais cidades costeiras sofrem ameaças de tempestades e privações. Precisamos fazer um planejamento urbano adequado para enfrentar essa ameaça”, advertiu.

Durante o evento foi assinado um convênio entre a ONU-Habitat e a PUC, em que a Universidade se torna parceira para desenvolver projetos futuros em conjunto. A escolha da PUC como parceria não foi gratuito, a Universidade é pioneira em ter uma agenda ambiental institucional e o Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA), que é parceiro também de O ECO, existe desde 1999. A ONU-Habitat é um programa das Nações Unidas para assentamentos humanos, com sede em Nairóbi, Quênia.

O tema da urbanização e a maneira como devemos conceber as cidades frente aos desafios que as mudanças climáticas impõem estará presente na pauta da Conferência da Rio+20, que será realizado ano que vem, no Rio de Janeiro.

  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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