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Vídeos no Youtube revelam caça ilegal no país

Estudo realizado com vídeos postados na rede social indicam que a caça esportiva, embora ilegal, é uma prática comum no país.

Vandré Fonseca ·
22 de janeiro de 2016 · 8 anos atrás
Reprodução: Youtube
Reprodução: Youtube

Manaus, AM — A caça ilegal corre solta no país e também nas redes sociais, causando um impacto ainda desconhecido, mas que não pode ser desprezado, principalmente sobre espécies da Caatinga e do Cerrado. A conclusão é dos pesquisadores do Instituto Mamirauá, que desde 2014 desenvolvem estudos sobre vídeos de caça veiculados no Youtube, e foi publicada na edição 20 da revista científica Ecology Society.

A caça de animais silvestres e a comercialização de produtos ou objetos que impliquem na caça, foi proibida no Brasil em 1967, pela Lei de Proteção da Vida Silvestre. Há exceções quando praticada por comunidades tradicionais e quando o alvo é o javali, uma espécie invasora.

“A caça esportiva ilegal não pode ser negligenciada entre os fatores que causam a extinção ou declínio desses animais”, afirma o autor principal do artigo, o biólogo Hani Bizri. “A gente não tem ideia se a caça ocorre em Unidades de Conservação, mas são em fragmentos no Cerrado e na Caatinga, biomas bastante desmatados”, completa.

O trabalho começou com a compilação de 104 artigos sobre caça, para descobrir quais os bichos mais abatidos. O estudo revelou que, na ordem, as oito principais vítimas são: pacas, antas, veados, queixadas, catitus, capivaras, cotias e tatus. Depois disso, o ambiente de trabalho passou a ser a internet.

As buscas indicaram que das 1600 citações a grande maioria não serviria para o levantamento, pois apresentavam situações como encenações ou instruções. No final, 285 postagens no Youtube apresentavam pessoas caçando (174 com abate e 94 tentativas frustradas). Foram buscadas também informações sobre locais, datas e caçadores.

Para os autores do estudo, a maioria dos caçadores são urbanos e usam a caça como atividade de lazer. Eles concluíram isso ao verificar a data das postagens, que ocorrem principalmente nos meses de julho e dezembro.

O surpreendente é que os caçadores não temem compartilhar uma atividade ilegal em redes sociais. E ao dar publicidade a um crime estão mais uma vez infringindo a lei. Isso sem contar o uso de arma de fogo, identificado em grande parte dos vídeos analisados. “E se estão postando, não têm medo da lei”, sintetiza o pesquisador.

Para ele, o estudo chama a atenção para a necessidade de discussão sobre a atividade no país. Ele destaca que existem tanto bons quanto maus exemplos da regularização da caça. Na África, em 23 países existem iniciativas que valorizam a caça esportiva, que contribuem para a geração de renda em comunidades envolvidas. Mas ele alerta também que programas implantados no México geraram polêmica e desequilíbrio ambiental, devido a dificuldades de manutenção da infraestrutura e treinamento de pessoal, segundo o biólogo.

 

*Editado às 23h, do dia 25/01/2015. 

 

 

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Comentários 16

  1. luiz savio diz:

    os maiores crimes ambientais são cometidos pelos orgãos ambientais, que de forma criminosa e de uma incompetencia absurda vem perseguindo pessoas de bem, que som querem proteger suas lavouras contra animais daninhos, enguanto ibama fica matando galos indios e outros animais com requinte de crueldade e de ficam ipunes, sob o manto da incompetencia da justiça.


  2. marino diz:

    Olá amigos ! Fando de caça ilegal e preservação da fauna , digo que é de boa fé que criaram lei que proíbem estas pratica que muitos o chamam de criminosa ! Mais o que é de fato crime no Brasil ? Estou falando assim pois já fui um caçador e o único objetivo era ter na mesa uma cani de vez em quando, mais me setia mal ao abater um animal quando o mesmo só procurava comida pela mata sem fazer nada de errado mais a fome e a pobreza estava me desgraçando,então o extinto de sobreviver era aguçado a ponto de enfrenta sem misericórdia qualquer situação ! só pra se ter uma ideia eu entrava numa lagoa cheia de Acares, de treis a cinco metros peixe elétricos, sucuris e piranhas só para matar uma capivara as tris horas da manhã . Deixei a velha pratica ao chegar aos 18 anos com a morte da minha mãe, mudei de cidade e comecei uma nova vida por conta própria só então descobri a maneira que poderia da certo se aplicada como regra de vida no brasil. seria regularização da caça para sobreviveria do cidadão em tempos dificuldades, onde os ficas seria os próprios caçadores. O governo deveria criar parques nacionais de caçadores, onde os manejos das especies seria controladas pela reintrodução, onde cada animal abatido ou retirado da natureza dois seria devolvida a mesma , a devolução só poderia ser feita em coletivo com a presença de todos os caçadores registrado no parque de caça de cada Estado da federação, ou representante lega ou seja : um parente próximo e com a presença dos fiscais do batalhão florestal Estadual , assim cada batalhão encaminhava ois resultado para o IBAMA . Penso assim porque foi caçador nenhum quer que todos os animas desapareçam por completo das matas, eu mesmo gostaria de fazer alguma coisa para devolver aqueles animais que precisei tira da natureza quando precisei, sei que sozinho não posso fazer nada .


  3. Silvana diz:

    E está também na hora de assumir que PESCA e CAÇA são a mesma coisa. Voce vai lá, abate o animal (veado, porco ou peixe) e o retira do meio. Rápido e lucrativo. Atividades proibidas dentro de Unidades de Conservação devem ser punidas. Existe uma ideia "bíblica" de nobre-ribeirinho (parafraseando o nobre-selvagem) que fomenta a tolerância a pescadores atuando dentro de UCs. Enquanto isso nossos rios e lagos vão sendo peneirados, estoques inteiros,como o pirarucu, vão acabando na natureza, e nossos nobres usurpadores dos recursos aquáticos ainda recebem salário-defeso, salário desemprego e outras bolsas. Ser pobre justifica isso? Então experimenta entrar em um museu e tirar um quadro da parede para vender…vê se cola! As autoridades funcionam no museu, mas falham nos parques naturais, que nada mais são do que museus vivos.


    1. Judas diz:

  4. Cledivan diz:

    Realmente, Carlos, erro grosseiro na matéria!


  5. PAndre diz:

    É verdade, só andar um pouco por nossas UCs para constatar. O problema que tem muito burocrata de escritório, ou mesmo fiscais despreparados e desmotivados que preferem fechar os olhos a caça, do que correr atrás dos caçadores… na realidade os caçadores riem das leis e do poder público, só vai acabar a caça quando acabar os bichos, isso é fato.


  6. Carlos L. Magalhães diz:

    Um erro grosseiro na matéria, que levou o George a errar também em seu comentário. A Lei de Proteção de Vida Silvestre, Lei 5.197, de 03/jan/1967, não proibiu a caça amadora, pelo contrário, a estimulou. Transcrevo aqui parte dos artigos 6o. e 8o. da referida Lei:

    Art. 6º O Poder Público estimulará:
    a) a formação e o funcionamento de clubes e sociedades amadoristas de caça e de tiro ao vôo objetivando alcançar o espírito associativista para a prática desse esporte.
    Art. 8º O Órgão público federal competente, no prazo de 120 dias, publicará e atualizará anualmente:
    a) a relação das espécies cuja utilização, perseguição, caça ou apanha será permitida indicando e delimitando as respectivas áreas;
    b) a época e o número de dias em que o ato acima será permitido;
    c) a quota diária de exemplares cuja utilização, perseguição, caça ou apanha será permitida.

    A caça amadora regulamentada no Brasil foi proibida em meados dos anos 80, na contramão dos países mais desenvolvidos.

    A caça amadora regulamentada, maior e mais importante ferramenta de gerenciamento de vida selvagem, é hoje proibida em 4 países: Brasil, Butão, Coréia do Norte e Índia.

    E nós, atrasados e incompetentes, ainda queremos ensinar o primeiro mundo…


    1. George diz:

      Mas eu estou falando da caça comercial. E é fato que o Brasil assinou o CITES em 1973, que a ariranha era Apendice I, mas que a caça e comercialização de peles rolou solta e aberta até 1980. Na verdade, parou porque as ariranhas foram quase extintas e os coureiros já não as encontravam. Não por esforço de fiscalização ou vergonha na cara. Até hoje não temos nenhum dos dois.


      1. Carlos L. Magalhães diz:

        Mas você escreveu "inclusive a esportiva". Aí seu tropeço, certamente induzido pelo erro da matéria.


        1. George diz:

          Escrevi não. Copiei e colei da materia, para contextuar meu comentário sobre a caça comercial.


    2. vandre diz:

      Boa noite, o senhor está certo. Vamos corrigir o erro. E espero contar com o senhor em futuras reportagens.

      Obrigado


    3. Ebenezer diz:

      "A caça amadora regulamentada, maior e mais importante ferramenta de gerenciamento de vida selvagem, é hoje proibida em 4 países: Brasil, Butão, Coréia do Norte e Índia.

      E nós, atrasados e incompetentes, ainda queremos ensinar o primeiro mundo…"

      O Sr. está coberto de razão, mas não adianta, o ambientalismo brasileiro é do mesmo nível do Butão, Coréia do Norte e Índia, países com sociedades "moderníssimas"!


  7. pedro cunha menezes diz:

    Há muita caça em Unidades de Conservação. Basta caminhar por elas para ver jiraus e armadilhas……sobrtudo nas áreas supostamente intangíveis. Um desatre……nossas florestas estão ficando completamente vazias de vida


  8. paulo diz:

    Fraqueza e descaso dos governos federal, estaduais e municipais. Egoismo ao extremo destes humanos


  9. George diz:

    "A caça de animais silvestres, inclusive a esportiva, e a comercialização de produtos ou objetos que impliquem na caça, foi proibida no Brasil em 1967, pela Lei de Proteção da Vida Silvestre. "

    E no entanto até 1980 a exportação de peles de onça e ariranha rolava solta e abertamente, empregando milhares de caçadores na Amazônia e Centro-Oeste.

    Ou seja, a lei contra a caça nunca foi levada a sério neste país.


    1. Judas diz:

      A Lei 5.197/67 chama-se CÓDIGO DE CAÇA e não Lei de Proteção da Vida Silvestre.