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Em 15 anos, Brasil perdeu 20% de seus manguezais

A plataforma MapBiomas, que mapeia todos os biomas, revela redução também do Pantanal e do Cerrado. Mata Atlântica regenera quase uma Macedônia

Sabrina Rodrigues ·
28 de abril de 2017 · 7 anos atrás
Mangues preservados da Estação Ecológica da Guanabara. Foto: Sabrina Rodrigues.
Mangues preservados da Estação Ecológica da Guanabara. Foto: Sabrina Rodrigues.

Entre 2001 e 2015, o Brasil perdeu 20% da sua área de manguezal. A perda de vegetação também é verificada no Pantanal e no Cerrado. A evolução territorial dos biomas brasileiros é uma das questões que são respondidas com o lançamento da segunda coleção de mapas do MapBiomas (Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo no Brasil), iniciativa do Observatório do Clima em colaboração com 18 instituições, entre universidades, ONGs e empresas de tecnologia.

O Pantanal, bioma mais preservado do país, sofreu uma diminuição de 14 mil quilômetros quadrados, com vegetação natural caindo de 86% para 73%. Neste século, houve um aumento acentuado de áreas convertidas em plantação de pastagens e intensificação da pecuária no Pantanal.

Já o Cerrado, a savana mais biodiversa do planeta, teve perda anual de 6,700 quilômetros quadrados de 2001 a 2013. A expansão agropecuária exerceu sobre o bioma três vezes mais pressão do que na Amazônia. Essa diminuição representa uma pancada para a biodiversidade, já que o desmatamento verificado nas áreas florestais do bioma pode impactar o abastecimento de água. “O papel das florestas no Cerrado é resguardar os mananciais, já que todas as principais bacias do país têm nascentes no bioma. O desmatamento nessas florestas tem impacto direto na segurança hídrica”, afirma Ane Alencar, pesquisadora do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) que coordena a equipe responsável pelo cerrado no MapBiomas.

O renascimento da Mata Atlântica

Mas não são apenas más notícias fazem parte da radiografia apresentada nos mapas: a Mata Atlântica, o bioma mais ameaçado do país, demonstrou um sinal de força nesses últimos anos: a cobertura florestal passou de 276 mil quilômetros quadrados, em 2001, para 301 mil quilômetros quadrados, em 2015: ganho de 25 mil km² em área, o equivalente ao tamanho da Macedônia de área regenerada.

“Não é que exista uma grande área de recuperação; são áreas pequenas, que foram abertas no passado para agricultura ou pastagem e foram abandonadas ou por serem inadequadas (relevo, solo, isolamento, etc.) e não sustentar atividades agropecuárias, ou por causa da migração da população rural para as grandes cidades, ou para atender a Lei da Mata Atlântica, de 2006, que estabeleceu proteção especial ao bioma. Essas florestas estão começando a voltar, em parte naturalmente e, em partes isoladas, induzidas por diversas iniciativas”, diz Marcos Reis Rosa, da ArcPlan, coordenador de Mata Atlântica e Pantanal do MapBiomas.

O Paraná aparece como estado campeão em regeneração da Mata Atlântica, com ganhos de 5 mil km² de área florestal, motivado principalmente por recuperar áreas de preservação permanente.

O MapBiomas (Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo no Brasil) é uma plataforma que reúne dados de satélites para mapear mudanças de uso da terra em todos os biomas brasileiros, utilizando a tecnologia do Google Earth Engine, que permite o processamento das imagens de satélite na nuvem de forma distribuída e rápida.

 

Pantanal/MapBiomas
Pantanal/MapBiomas

 

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  • Sabrina Rodrigues

    Repórter especializada na cobertura diária de política ambiental. Escreveu para o site ((o)) eco de 2015 a 2020.

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Comentários 1

  1. Maximiliano diz:

    O título da reportagem fala em manguezais, porém apenas a primeira linha fala sobre eles! O resto todo da matéria é sobre outras áreas. Título inapropriado que induz a leitura de quem se interessa sobre manguezais e acaba lendo sobre outras coisas, não que não seja interessante, mas tem uma indução que me levou a uma decepção, esperava que a reportagem se debruça-se mais sobre os manguezais.