Pesquisadores, professores universitários e várias entidades ambientalistas de Minas Gerais estão em polvorosa. Todos foram surpreendidos pelo pedido de licença prévia para construção de um aeroporto enviada ao Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) pela Usiminas. A empresa quer a obra ao lado do Parque Estadual do Rio Doce, uma das últimas manchas contínuas de Mata Atlântica mineira. O pedido será avaliado amanhã (17), durante reunião em Governador Valadares.
Segundo nota distribuída pelos contrários ao atropelo do licenciamento, os estudos de impacto ambiental não têm um diagnóstico completo da área e nem apontam medidas para tornar os impactos suportáveis. As entidades ressaltam que há outros locais na região que poderiam abrigar o empreendimento. Os estudos também seriam fracos nos quesitos fauna, solo e vegetação.
No Parque do Rio Doce foram registrados 77 espécies de mamíferos, ou cerca de 30% de todas as espécies de mamíferos da Mata Atlântica. Onze deles estão nas listas de espécies ameaçadas dos governos federal e de Minas Gerais. A área protegida é prioritária para a conservação dos muriquis-do-norte (Brachyteles hypoxanthus). Animais e plantas serão impactados pelas obras e pela movimentação de aeronaves.
A legislação federal obriga o licenciamento de qualquer atividade que possa trazer impactos a uma unidade de conservação em uma faixa de 10 quilômetros de seu entorno.
A empresa responsável pelos estudos ambientais do aeroporto, a Brandt Meio Ambiente, é a mesma envolvida no caso da mineração de zinco em Vazante (MG). Confira caso em O Eco.
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